VAN MORRISON – Wavelength

julho 10, 2013 em Resenhas do Régis

 

Este disco, lançado em 1978, causou certo espanto nos fãs do bardo irlandês. Tudo porque ele resolveu tentar soar mais “radiofônico” – principalmente nos Estados Unidos – e direcionou suas canções para uma seara um pouco mais pop que seus trabalhos anteriores. Desta forma, até para se sentir um pouco mais seguro, ele resolveu chamar alguns companheiros e parceiros do passado para ajudá-lo nesta transição, como Garth Hudson (The Band) e Peter Bardens, da antiga banda de Morrison, o Them.

 

Ignorando o conselho para que mantivesse sua sonoridade, Morrison permitiu uma maior profusão de teclados ao longo das canções e várias citações aos Estados Unidos em algumas letras, como no caso da interessante e intensa “Venice USA”. A faixa de abertura “Kingdom Hall” poderia ter sido incluída em um disco de Bruce Springsteen, enquanto que “Checking It Out” tem um acento pop quase reggae e “Natalia” parece ter sido composta especialmente para tocar nas FMs da época. Já “Lifetimes” é conduzida como se fosse um gospel de primeira linha.

 

Morrison também resgatou duas canções compostas anos antes e que jamais haviam sido gravadas – “Beautiful Obsession” e “Santa Fe”, feitas em parceria com Jackie DeShannon – e uniu ambas em uma só, soando de modo quase sublime. A longa “Take it Where You Find It” é surpreendente na medida em Morrison fez uma pequena ‘concessão’ ao conceito mais imediatista do álbum. Não é à toa que é justamente esta faixa que encerra o disco.

 

A estratégia deu certo em termos de vendas, pois o disco até hoje é um dos mais vendidos dentro da discografia de Morrison, tendo se transformado em uma espécie de “passaporte” para quem não conhecia o trabalho do cara. É claro que o fato da balada “Hungry for Your Love” ter sido incluída na trilha sonora do popular filme A Força do Destino ajudou muito, mas é no repertório e nas interpretações de Morrison que residem os grandes atributos de Wavelength.