Big Papa Records

Faz certo sentido que este seja o único disco que o velho malucão ex-parceiro de Frank Zappa – cujo nome verdadeiro era Don Van Vliet – tenha gravado sem ter o nome da Magic Band na capa. Além de trazer canções, digamos, mais “palatáveis” aos ouvidos normais, há uma proximidade maior do repertório em relação ao universo do blues, já que Vliet não aguentava mais ser considerado apenas como um doido e, com isto, não conseguir uma situação financeira estável em sua carreira.

As conturbadas gravações deste álbum, lançado em 1972, incrivelmente não transparecem no resultado final das canções, que soam apenas mais lentas e arrastadas, nos melhores sentidos que tais adjetivos podem ter. Beefheart parece encarnar vários personagens, todos sem grandes traços de comprometimento com a bondade universal. “I’m Gonna Booglarize You Baby” e “When It Blows Its Stacks” soam suficientemente psicóticas para assustar os mais desavisados.

Para quem conviveu com os discos anteriores, a instrumental “Alice in Blunderland” tem o saudável grau de esquisitice que todo fã de Zappa adora, com solos de guitarra dialogando com a harmonia de modo esquizofrênico. Quando você ouve o blues totalmente torto e bêbado de “Grow Fins” e a inacreditável galhofice de “There Ain’t No Santa Claus on the Evenin’ Stage”, já sabe de onde Tom Waits tirou parte de sua sonoridade.

O som ficou mais “normal”? Para os padrões de Beefheart, talvez. Para nós, ainda hoje soa meio esquisito…